A discussão a respeito da reformulação do Ensino Médio no Brasil iniciou quando se percebeu que era a etapa de ensino com o pior desempenho, com alta taxa de evasão e baixos índices de aprendizagem. Entre os principais motivos detectados desta realidade foram a necessidade de trabalho e geração de renda, dificuldade de acesso à escola ou pela falta de interesse. A versão mais recente da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) apontou que, no terceiro trimestre de 2021, 4,4% dos jovens na faixa etária dos 15 a 17 anos estavam fora da escola, percentual que representa 407,4 mil pessoas.
Diante deste cenário, após muita discussão e estudo, surgiu a proposta do Novo Ensino Médio, que oferece uma formação mais alinhada ao Projeto de Vida do aluno. Além de aproximar o estudante de suas aptidões, ainda em idade escolar, para que a entrada no mercado de trabalho seja facilitada e melhor instruída. Com a implantação do Novo Ensino Médio, a Formação Técnica e Profissional (FTP) passa a integrar a grade curricular, o que otimiza a capacitação do aluno e futuro trabalhador.
Assim, o antigo modelo único, carregado de disciplinas obrigatórias, é substituído por um modelo de ensino mais flexível, estruturado em três grandes frentes: a garantia de direitos de aprendizagem comuns a todos os jovens definidos na Base Nacional Comum Curricular (BNCC); o desenvolvimento de um projeto de vida por meio de Itinerários Formativos; e a valorização da aprendizagem, com a ampliação da carga horárias de estudo.
De acordo com o Ministério da Educação, os estudantes brasileiros serão amplamente beneficiados por estas mudanças. Isto porque o Novo Ensino Médio pretende atender às necessidades e às expectativas dos jovens; além de fortalecer o protagonismo juvenil na medida em que possibilita aos estudantes escolher o Itinerário Formativo no qual desejam aprofundar seus conhecimentos. O que contribuirá para maior interesse dos jovens em acessar a escola e, consequentemente, para sua permanência e melhoria dos resultados da aprendizagem.
O Novo Ensino Médio pode ser considerado o primeiro passo para uma revolução na educação básica brasileira, pois oferece uma formação mais moderna e compatível com as necessidades do mundo contemporâneo.
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O que muda com o Novo Ensino Médio?
A principal inovação oferecida pelo Novo Ensino Médio é estar centrado no protagonismo do aluno e na construção de seu Projeto de Vida. As novas diretrizes curriculares pretendem auxiliar o estudante a ingressar no mercado de trabalho por meio de preparo acadêmico e desenvolvimento da confiança necessários para trilhar sua jornada pessoal e profissional.
As disciplinas estarão reunidas em quatro grandes áreas do conhecimento e a carga horária do ensino médio será de três mil horas. Sendo 1.800 horas destinadas ao conteúdo obrigatório e 1.200 horas à carga horária do percurso formativo flexível, que será escolhida pelo próprio aluno no 1º ano.
As escolas trabalharão com autonomia e flexibilidade, além de fortalecer o protagonismo do jovem estudante, que será estimulado a escolher sua trajetória curricular por meio dos Itinerários Formativos. Elas terão liberdade de construir currículos e organizar estratégias curriculares de forma diferenciada, centradas na formação integral do aluno.
É possível, por exemplo, a escola organizar uma proposta curricular que trabalhe com os componentes obrigatórios, como Língua Portuguesa e Matemática, combinados a componentes e habilidades das áreas previstas na proposta curricular. E, ao mesmo tempo, trabalhar projetos integradores e interdisciplinares das áreas já na parte de formação geral básica.
De acordo com o Ministério da Educação, a matriz curricular do Novo Ensino Médio mobiliza conhecimentos de todos os componentes curriculares em suas competências e habilidades. Com carga horária anual maior, de 1.000 horas, além das disciplinas acadêmicas, o estudante pode optar pela qualificação técnica ou profissionalizante.
Já na grade curricular, as disciplinas passam por uma reorganização, sendo agrupadas conforme a área. Entre os blocos de disciplinas estão:
- Matemáticas e suas Tecnologias
- Linguagens e suas Tecnologias
- Ciências da Natureza e suas Tecnologias
- Ciências Humanas e Sociais Aplicadas
O que são Itinerários Formativos e como eles funcionam no Novo Ensino Médio?
Os Itinerários Formativos do Novo Ensino Médio são conjuntos de projetos, oficinas e grupos de estudo que fazem parte da formação complementar do estudante, além da Base Nacional Curricular Comum (BNCC). A diferença entre os Itinerários Formativos e as disciplinas eletivas está na elaboração. Enquanto as eletivas são mais segmentadas, os itinerários são divididos em eixos.
Em 2019, o Ministério da Educação publicou as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Médio, que definiu os Itinerários Formativos como atividades que incentivam o empreendedorismo, os processos criativos, a investigação científica e a mediação e intervenção sociocultural.
No contexto geral dos Itinerários Formativos, a ideia é oferecer três possibilidades de escolha de aprofundamento dos estudos aos alunos do Novo Ensino Médio:
- Formação Técnica e Profissional, que permite ao estudante finalizar o Ensino Médio já com uma formação profissional.
- Integrado: combina mais de uma área de conhecimento ou formação.
- Área de conhecimento: os alunos têm a oportunidade de ampliar seus conhecimentos nas áreas de ciências da natureza e suas tecnologias, matemática, linguagens e suas tecnologias e ciências humanas e sociais aplicadas.
Cada instituição poderá oferecer cinco Itinerários Formativos, sendo quatro alinhados às áreas do conhecimento e um especificamente voltado à Formação Técnica e Profissional (FTP). Quem optar pela FTP recebe certificado de formação técnica e também escolar – ambos incluídos na carga horária do Novo Ensino Médio regular.
Como fica a educação técnica com o Novo Ensino Médio?
O principal benefício da Formação Técnica e Profissional (FTP) ao aluno é a possibilidade de adquirir conhecimento técnico-profissional dentro da carga horária do ensino médio. Não será mais necessário cursar o ensino básico e o curso técnico paralelamente, o que otimiza o tempo de estudo. Ao final do ensino médio, o estudante terá capacitação técnica e não dependerá de mais quatro anos de ensino superior para poder atuar no mercado de trabalho como mão de obra qualificada.
A Formação Técnica e Profissional, como Itinerário Formativo, pretende estreitar os laços entre as instituições de ensino e o mercado de trabalho. Busca ainda tirar a educação básica do campo teórico, alinhado exclusivamente às provas de vestibular, e integrá-lo às reais necessidades da sociedade atual. Além de desenvolver habilidades técnicas e psicossociais valorizadas no mercado de trabalho, educando profissionais capazes de executar, questionar, inovar e progredir.
Será uma associação entre redes de ensino e empresas locais, que permitirá parceria em estágios, núcleos de estudo e outras experiências que visam a formação e conexão do estudante à realidade da carreira que deseja trilhar. Desta forma, será possível identificar e desenvolver aptidões e competências precocemente, o que incentiva o estudante a explorar e protagonizar suas aspirações profissionais.
Qual será o impacto no Enem?
Com todas as mudanças previstas pela implantação do Novo Ensino Médio, o Exame Nacional do Ensino Médio – Enem – também será ajustado à nova realidade. A maior prova de acesso ao ensino superior do país continuará a ser aplicada em dois dias. No primeiro deles, os estudantes se submeterão a uma prova única e obrigatória, com questões interdisciplinares que avaliarão raciocínio lógico e argumentação dos alunos. Ou seja, contará com perguntas discursivas, e não apenas de múltipla escolha.
As questões interdisciplinares terão como foco o português, matemática ou língua estrangeira, porém, abordando temas de outras disciplinas. Um exemplo é uma questão de história com o texto escrito em língua inglesa para avaliar o estudante. Para a correção dessas questões há previsão do uso de uma inteligência artificial, que permitirá a divulgação dos resultados nos mesmos prazos que já são feitos. A redação também será aplicada no primeiro dia.
Já a segunda etapa do novo Enem será com base nos Itinerários Formativos. As provas específicas estarão relacionadas com a área do curso de graduação para o qual o candidato deseja seguir no ensino superior. Serão quatro tipos de prova:
- Linguagens, Ciências Humanas e Sociais Aplicadas
- Matemática, Ciências da Natureza e suas Tecnologias
- Matemática, Ciências Humanas e Sociais Aplicadas
- Ciências da Natureza, Ciências Humanas e Sociais Aplicadas
As universidades públicas poderão ainda indicar qual prova será exigida para cada curso.
A adaptação na nova forma de aplicação do Enem será desenvolvida de forma gradual, alinhada com as diretrizes curriculares do Novo Ensino Médio, que deve estar finalizada em 2024.
Bônus para quem fez curso técnico
De acordo com o MEC, haverá ainda um “bônus” de nota para os alunos que fizeram curso técnico junto ao ensino médio. Isto justifica-se porque não há como preparar uma prova para cada um dos cursos técnicos oferecidos em todo o país. Neste caso, o aluno fará o bloco de questões de acordo com o curso superior que deseja e a instituição de ensino superior aponta.
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